A importância do trabalho artístico de Alfredo Andersen se tornou tão grande a ponto de ser quase impossível falar da história do Paraná sem mencionar o pintor e suas obras.
A jornada do filho do Capitão da Marinha Mercante com a parnanguara Hanna Carina Andersen não foi fácil. O incentivo às artes no Município de Curitiba era muito pequeno, situação que fez com que o pintor cogitasse retornar à Noruega e prosseguir com seu trabalhos em sua terra de origem, entretanto, foi impedido por Vicente Machado, na época Presidente de Estado do Paraná, sob a promessa de fundar uma Escola de Belas Artes para que o artista pudesse lecionar e educar o povo paranaense.
As promessas, no entanto, não foram cumpridas. Nem pelo próprio Vicente Machado, nem por aqueles que o sucederam. A decepção e insatisfação do artista pode tê-lo levado a se queixar para os seus amigos, haja vista que, em 1933, o pintor recebeu a seguinte carta do poeta Odilon Negrão:
“O Paraná é vosso cáucaso, professor. Esta terra matou todas as vossas esperanças de alcançar uma glória maior; quebrou as asas que Deus vos deu para voar bem alto e vos traz, como o Prometeu da lenda, preso à pedra fatídica do regionalismo obscurecedor. E assim mesmo, vossos olhos que nada mais veem a não ser a paisagem monótona dos pinheirais, obrigam vossas mãos a pintar o verde-escuro das araucárias, para a glória da arte e suplício do artista”.
Este mesmo poeta também escreveu:
“Ah, professor, não desespereis! Talvez, depois de vossa morte, vos façam monumentos! Talvez essa gente se lembre melhor de vós, quando não mais possais gozar dessa lembrança, como aconteceu com Rocha Pombo, que morreu na miséria e agora empolga os vivos”…
De fato, o reconhecimento do seu talento e de sua coleção artística só veio após a sua morte. Foi agraciado com o título de “pai da pintura paranaense”, um busto e um museu.
Além disso, ainda vivo, recebeu o diploma de Cidadão Honorário de Curitiba pelos relevantes serviços prestados à arte do Paraná, primeiro título concedido a alguma personalidade pela Câmara Municipal.
Eddy Franciosi consagrado cronista e jornalista afirma, em seu livro, que:
“Mais importante, porém, que os novos bondes que começaram a circular, que a nova Rua Quinze, que a nova sede do Executivo e Legislativo municipais, que as novas casas, as novas ruas ou os novos quarteirões que pudessem então existir, mais importante que todo o progresso material reunido porque esse fatalmente viria a ocorrer como consequência natural, mais importante que tudo isso, repetimos, para a cidade e para o Estado, foi a chegada em Curitiba entre 1902 e 1903, mais provavelmente em 1903, do pintor Alfred Andersen, pois a partir dele é que de fato surgiram as primeiras e autênticas manifestações artísticas que mais tarde viriam a exercer influências bastante positivas em nossas artes plásticas e por isso mesmo considerado, com justiça, “pai da pintura paranaense”.
Confira um trecho da trajetória do artista no livro UMA CRÔNICA: Curitiba e sua história p. 207 / Eddy Franciosi. – Curitiba: Editora Esplendor, 2009.